SESSÃO 31
Ambiência e Inteligência Artificial - Ambiance and Artificial Intelligence.
A Inteligência Artificial tornou-se recentemente parte integrante das nossas vidas diárias, gerando discussões e revitalizando as nossas conversas informais. Desde o surgimento do ChatGPT, Midjourney e Dall-E em novembro de 2022, o cenário profissional global parece ter-se transformado drasticamente. A noção de que a IA tem potencial de substituir profissões intelectuais e criativas, particularmente na arquitetura, tem vindo à tona.
No entanto, a IA não é nova, ostentando quase 70 anos de evolução. O que está evoluindo é a sua natureza universal, passando de campos altamente especializados, como a medicina, para uma acessibilidade mais ampla. A IA agora preocupa cada indivíduo, oferecendo a chance de se especializar (ou pelo menos acreditar nisso) em áreas onde a experiência era antes limitada ou ausente.
Na arquitetura, a chama vinha sendo alimentada há anos com a introdução de ferramentas algorítmicas como o Grasshopper e o Dynamo, abrindo caminho para o design generativo. Essa abordagem permite explorar inúmeras soluções para problemas complexos e avaliá-las com base no seu desempenho. A IA acelera esse processo. Enquanto a tecnologia digital passada se concentrava principalmente em melhorias de produtividade, como simplificar as trocas profissionais ou auxiliar nas correções de planos, a IA agora nutre a criatividade ao expandir significativamente o escopo de exploração durante as fases de projetação.
No entanto, a profissão não está ameaçada. Pelo contrário, o uso da IA revela a necessidade de mais conhecimento, habilidades e experiência para produzir resultados de alta qualidade. Além disso, para além de gerar rapidamente esboços e imagens, a IA simplifica estudos ambientais, promovendo um melhor alinhamento com os imperativos ecológicos nos projetos. Para aproveitar esses avanços, é crucial compreender as ofertas de várias aplicações de IA: como elas funcionam, seu custo, acessibilidade, a curva de aprendizado e sua eficácia real. Compreender os avanços técnicos é igualmente vital, discernindo se isso significa uma mudança radical ou uma continuidade. Observar as práticas de outros participantes da indústria também é instrutivo para se adaptar ou responder adequadamente.
Esta sessão explorará e apresentará ferramentas e técnicas de IA de ponta em projetos arquitetônicos e urbanos, focando especificamente em ambiências. Por um lado, existem capacidades para simular rapidamente estudos térmicos, aerodinâmicos, acústicos e solares. Por outro lado, a criação de imagens envolve sistemas de referência (fenomenológicos) que abrangem ambiências de herança compartilhada ou abordagens personalizadas.
Essas aplicações nos encorajam a mergulhar profundamente no tema das ambiências, seja através de uma abordagem sensorial ou instrumentalizada.
Presidente da Sessão : Laurent Lescop.
SESSÃO 32
Ambiance et propagations.
A produção de lugares urbanos que potenciem a criação de ambiências singulares, que reforcem a ligação das pessoas ao ambiente – físico, natural, construído e social – através da apropriação e do proporcionar atmosferas cognitivas, sensitivas, sensoriais e socioculturais geradoras de memórias, bem-estar e conforto é um desafio emergente. Nomeadamente, se o associarmos às necessidades societais contemporâneas de contextos urbanos mais sustentáveis e resilientes. Ambos aspetos se apresentam como desafios a que urge encontrar respostas que sejam mais ágeis, flexíveis e adaptadas aos contextos socio-espaciais. Esta sessão objetiva proporcionar o debate sobre estes desafios a partir da temática dos rios urbanos, principalmente no que se refere à sua (re)naturalização, contextualização socioespacial e o envolvimento e a participação das comunidades ribeirinhas. Indaga-se sobre as perspetivas de construção de conhecimento científico e social, do uso e apropriação de paisagens fluviais, e respetiva recuperação e criação de novas memórias; às perspetivas de cocriação de abordagens para a reabilitação dos rios em contextos urbanos, transformando-os em lugares.
Presidente da Sessão : Pascal Amphoux.
SESSÃO 33
Ambiências e Deslocamentos - Ambiances and Displacement.
O objetivo desta sessão é colocar em foco a(s) ideia(s) de deslocamento a partir da noção das ambiências, bem como fomentar discussões que possam trazer à superfície os dilemas contemporâneos das cidades. No cenário contemporâneo algumas questões pautam o debate sobre o futuro das cidades e do mundo na relação com seus habitantes. Dentre elas, as crises humanitárias e migratórias, a crise climática, assim como as questões de preservação de patrimônios e desenvolvimento sustentável. Essas questões têm em comum uma relação, não só, com a ideia clássica do deslocamento - aquela que corresponde ao nomadismo, a mobilidade, ao movimento espaço-temporal, como também se relacionam com a ideia do que Augê (2010) chama de “mobilidade sobremoderna” - que corresponde ao “paradoxo de um mundo onde podemos teoricamente fazer tudo sem deslocarmo-nos e onde, no entanto, deslocamo-nos.”(p.16) Ou seja, estamos falando de deslocamentos espaciais, temporais, socio-culturais, históricos, etc.
Entendemos que para desenvolver uma capacidade de lidar com as complexidades e dilemas do mundo e das cidades contemporâneas é fundamental que olhemos nas entrelinhas. É preciso acompanhar os processos, os deslocamentos, e entender como se dá a relação indivíduo-espaço. Nessa perspectiva, o estudo das ambiências, a abrangência dos estudos sobre os deslocamentos , o entendimento das subjetividades dos diversos grupos socioculturais que habitam as cidades contemporâneas e seus espaços cotidianos, são capazes de transformar de forma radical o(s) projeto(s) de cidade que ambicionamos para o futuro: cidades mais abertas (Sennet,2018), democráticas e inclusivas. Pensar, explorar e estudar as ambiências no mundo contemporâneo que habitamos e que estão permanentemente em mudanças, significa olhar, sentir, habitar em um microssegundo de tempo em determinado espaço. Como contingência efêmera dos espaços, as ambiências se nutrem e se relacionam do/com o concreto, do/com o sensível, do/com os aspectos sociais e culturais do espaço, se moldando a partir da riqueza e da multiplicidade dos encontros. Nesse sentido, as ambiências estão em movimento, assim como podem representar deslocamentos, podem ressignificar existências ou mesmo reorganizar simbolismos.
A exemplo disso, podemos falar sobre como os aspectos socio-culturais e sensíveis compõe uma ambiência que pode reconstruir vínculos espaciais no caso de espaços da diáspora. Ou como esses mesmos aspectos podem ressignificar um lugar histórico de importância patrimonial. Ou ainda como elementos concretos e sensíveis podem se unir na configuração de uma ambiência reconciliadora de ambientes degradados, ou segregados.
Sob este ponto de vista, compreendemos o território inerente e imprescindível no que abrange os estudos de deslocamento, tendo em vista as familiaridades carregadas do sujeito para com o espaço atravessado e as subjetividades construídas em trânsito. Deste modo, o deslocamento se apresenta enquanto um fenômeno transitório, capaz de criar novas ambiências e territorializaçãoes na relação indivíduo-meio. Sob o contexto de transitoriedade, a transformação das ambiências em que ocorrem os deslocamentos nos trazem alguns questionamentos em torno da relação dialógica entre o indivíduo e arquitetura/espaço. Quem são os atores que compõem essa ambiência? Quais as dinâmicas de interação que proporcionam uma atmosfera única ao contexto investigado? Propomos nesta sessão, portanto, explorar os diversos deslocamentos – temporais, espaciais, socio-culturais – pelos quais podem atravessar as ambiências e como eles contribuem para a (re)afirmação de patrimônios históricos e ambientais, ou, de outra forma, para a negociação de pertencimentos e identidades de grupos segregados e deslocados nas cidades e no mundo.
Presidente da Sessão : Ilana Sancovschi, Fernando Mathias and Cristiane Rose Duarte .
SESSÃO 34
Ambiência e identidade social - Ambiances and social identity.
A identidade social refere-se ao reconhecimento de si-mesmo mesmo como um ente atrelado a uma ideia de grupo e ao pertencimento a um lugar, envolvendo uma série de significados afetivos, dóxicos e emocionais. Esses significados são moldados a partir da alteridade e são ajustados no confronto entre similaridades e diferenças. O processo de construção identitária é dinâmico e ininterrupto. Duarte, Miranda, Pinheiro e Silva (2022) lembram que o ser humano está sempre buscando a explicação para a sua existência e seu pertencimento ao mundo em que vive que, por sua vez, está em perpétua mutação. Frente a isso, entende-se que o papel do lugar como suporte espacial para o processo de construção identitária é essencial. Assim como a memória, a identidade está ancorada em algum espaço que confere materialidade e permite a identificação do sujeito. Para Proshansky a identidade de lugar (place identity) é uma subestrutura da auto-identidade do indivíduo construído ao longo de sua vivência no espaço físico. Graumann (1983), por sua vez, assevera que a identificação com os lugares é “um antecedente do auto-conceito do sujeito que é a sua construção continuada da sua auto-identidade” (1983, p.137). Esses processos de identificação com o lugar pressupõem a existência de sentimentos de pertencimento ao lugar. Em diversas camadas, desde a escala individual (casa) até a nacional (nação, país), passando por diversas gradações grupais, há sempre relações de reconhecimento, pertinência e ancoragem ao território, ao meio, ao lugar. Trata-se, portanto, de um constructo subjetivo que articula a dimensão cognitiva com a percepção social, o comportamento e o juízo de valor, que, por sua vez, tem base cultural. É possível dizer que os processos de construção identitária na escala urbana se ancoram nos lugares por meio das ambiências. De fato, os aspectos sensíveis do espaço urbano incrementam sentidos de pertencimento e apropriação do suporte espacial, ligando-o a uma estrutura de reconhecimento e identificação. Os sentidos, por envolverem o corpo, permitem a construção de significados que traduzem características, sentimentos e afetos adotados por indivíduos e grupos como representações de si mesmos. Esta sessão temática se abre, assim, à reflexão dos processos de construção identitária que têm nas ambiências seus agentes de elaboração de narrativas e de ancoragem para as histórias individuais e coletivas nas cidades. Desde a vivência comunitária nas torcidas de futebol, até as reivindicações territoriais que buscam nas características do espaço vivido a aderência necessária para conformar o grupo, passando por “raves” suburbanas e grupos de agremiações carnavalescas, ou ainda, pelos atributos de bairros e cidades que emprestam características psicossociais a seus moradores (como por exemplo, um vilarejo rural espelhando uma comunidade pacata que se presta à colaboração e ajuda mútua), espera-se confrontar casos em que a ambiência esteja na base das experiências coletivas que evocam a consciência de fazer parte de um sistema de relações sociais, de interações cotidianas entre pessoas que compartilham um mesmo universo simbólico.
Referências
Duarte, Miranda, Pinheiro e Silva (2022). Experiência do Lugar Arquitetônico: dimensões subjetivas e sensoriais das ambiências. Rio de Janeiro: Rio Books
Graumann, C. F. (1983). On multiple identities. Internacional Social Science Journal, 35: pp. 309-321.
Proshansky, H. M., Fabian, A. K. and Kaminoff, R. (1983). "Place Identity: Physical World Socialization of the Self”. Journal of Environmental Psychology
Presidente da Sessão : Cristiane Rose Duarte and Ethel Pinheiro.
SESSÃO 35
Ressonância ambiental e construção ecológica - Ambient resonance and eco-construction.
Hoje em dia, já não é mais uma opção para os profissionais do ambiente urbano e construído ignorar o aquecimento global e suas consequências para nossas condições de vida. A necessidade de cumprir com normas e outros rótulos que regem a produção arquitetônica e urbana é legítima. No entanto, essas regulamentações, que advogam pela redução da troca com o mundo exterior e pela manutenção do interior a uma temperatura média confortável através do ar condicionado, são principalmente baseadas em engenharia sofisticada que, paradoxalmente, consome muita energia e exacerba/acentua o efeito de ilha de calor urbana. Além disso, essa abordagem, baseada na ideia de um ser humano universal, propõe uma visão determinista e prescritiva do conforto, resultando em uma suavização do ambiente que é indiferente às especificidades e ritmos de diferentes usos (Pascal Amphoux).
Essa atitude é baseada nos paradigmas dominantes no pensamento ocidental moderno, o que supõe (ce qui suppose, si ça peut convenir…) um sujeito que se separou do mundo visando conhecê-lo, conquistá-lo e dominá-lo para otimizar as condições materiais necessárias para seu bem-estar e realização/desenvolvilmento.
Em outras palavras, o homem moderno vê o mundo como tantos pontos de agressão cuja resistência deve ser quebrada, subjugada e moldada de acordo com seus desejos e aspirações (Hartmut Rosa).
Mas essa atitude de dominação prova sua dificuldade de sustentar-se. Ao adotar o ponto de vista dominante das ciências naturais, o homem explorou os recursos do planeta sem cuidar deles. O resultado é que agora enfrentamos todos "uma escassez universal de espaço compartilhado e terras habitáveis". O globo já não é grande o suficiente para acomodar a humanidade e seus planos para a modernidade universal (Bruno Latour).
A alternativa é considerar outra visão, a de um ser humano que imediatamente entra num estado de completa ressonância com o mundo (Peter Sloterdijk, Bruce Bégout). Essa compreensão tonal das qualidades da atmosfera, que não exige uma atitude de busca por causas ou objetivos, funde-se em uma compreensão imediata do que nos cerca. Essa alternativa abre perspectivas sobre as possibilidades de habitar o mundo no sentido de cuidar dele (Martin Heidegger).
Então, não se trata de criar espaços isolados do mundo exterior, o que destruiria nossa capacidade emocional de ressonância, nosso sentido de atmosfera, mas de criar filtros mais ou menos intensos para construir esferas íntimas que possam ser habitadas, sempre em co-presença com os outros habitantes, sejam humanos ou não-humanos. Essa co-presença, combinada com um sentido compartilhado de um sopro de vida comum, impõe lógicas de atenção aos outros.
Nessas condições, até que ponto é possível resolver as questões contraditórias dos imperativos deterministas do conforto térmico e as possibilidades de ressonância emocional com o mundo?
Como podemos responder ao pedido de reduzir a troca entre o interior e o exterior sem comprometer nossa capacidade de viver de maneira atenta ao mundo e vibrar junto com a atmosfera?
Bibliography
Pascal Amphoux, Vers une théorie des trois conforts. Annuaire 90, Département d’architecture de l’EPFL (Ecole Polytechnique Fédérale de Lausanne), 1990, pp. 27-30. <hal-01561140>
Bruce Bégout, Le concept d’ambiance, Le Seuil, 2020
Martin Heidegger, « Bâtir habiter penser » in Essais et conférences, Gallimard (traduction de Vorträge and Aufsatze, Pfullingen, 1954 par PREAU André)
Hartmut Rosa, Rendre le monde indisponible, La Découverte, 2020
Peter Sloterdijk, Ecumes. Sphères III, Paris, Libella Maren Sell, 2005
Presidente da Sessão : Alia Sellami Benayed and Imen Landoulsi.
SESSÃO 36
Além do previsível: explorando ambiências no cotidiano das cidades
Beyond the predictable: exploring ambiances in everyday life in cities.
Com o fim do período de maior reclusão da pandemia, ficou mais evidente que há algumas diferenças entre o mundo imaginado por trás das telas dos celulares, tablets ou por simples devaneios da nossa imaginação e a vivência coletiva no aqui-agora das cidades. Se compreendemos que as atmosferas estão contidas nas ambiências além de todos os seus atributos materiais e imateriais, sensoriais e cinestésicos, verificamos, também, mais uma característica da ambiência urbana: a capacidade de nos surpreender. A surpresa de passar por uma praça e sentir um perfume anunciando a primavera; a irritação ao caminhar na orla e ser “perseguido” por uma música que não corresponde ao nosso gosto musical; uma chuva que cai de repente, ou uma inesperada ventania no meio da tarde são exemplos do inesperado na experienciação das ambiências na urbe. Knijnik (2009) apresenta um outro exemplo sobre essa questão e lembra que, quando nos deparamos com outro caminhante na mesma calçada, vindo em direção oposta à nossa, surge um momento de negociação silenciosa onde, no passo seguinte, os corpos exprimem a alteridade. O encontro com o Outro, a necessidade de negociar conflitos são parte das práticas urbanas “presenciais”; são eventualidades que não estavam programadas por nossa imaginação enquanto sonhávamos com o mundo fora do isolamento. Assim, por mais que se busque imaginar uma simulação virtual, a vivência do espaço urbano estará sempre sujeita ao confronto do nosso próprio arbítrio com aquilo que é externo a nós. A alteridade não pode ser simulada sem a presença real do outro. Nesse contexto, mais do que nunca, entendemos que as ambiências demonstram possuir uma pulsação, uma temporalidade que pode ir da pausa à velocidade vertiginosa dos seus elementos. Encontramos nelas o potencial de criar territórios, domínios ou de ser excluídos e desenraizados daquele lugar que acreditávamos ser nosso. Ao nos deslocarmos pela cidade, estamos nos arriscando, nos apropriando, experienciando o lugar, em uma ação constante de compactuação com o mundo e transformando a nós mesmos. Atuando nas ambiências urbanas e sendo afetados por elas, o inesperado é o que estabelece quem nós seremos ao fim de cada percurso. Esta sessão temática buscará fomentar o diálogo sobre as diversas possibilidades de confrontos (no sentido de um jogo entre diferenças) ilustrados por relatos e análises do estabelecimento de ambiências sensíveis, do potencial e da intensidade de cada instante de reconhecimento da alteridade na imersão da vida urbana. Pretende-se discutir até que ponto, ao rememorar, recriar e ressignificar o lugar vivenciado os indivíduos evocam as tonalidades afetivas que qualificam aquele momento de experienciação, verdadeiros "tijolos de construção de significados".
Presidente da Sessão : Ethel Pinheiro, Cristiane Rose Duarte and Paula Uglione.
SESSÃO 37
Cidade, Floresta: Atmosferas de ativismo cultural e ambiental
City, Forest – Atmospherics of cultural and environmental activism.
A sessão proposta busca fomentar o diálogo em torno das ambiências e o papel de práticas criativas na relação entre política cultural e ativismo ambiental. Será examinado o potencial das práticas criativas em desempenhar um papel na instituição de culturas e ambientes sustentáveis, nos quais as atmosferas que suportam a vida são, ao mesmo tempo, uma preocupação estética, afetiva e ecológica. Este painel colabora com ativistas culturais brasileiros, assim como também visa reunir sociedade civil, pesquisadores e artistas que trabalham nas fronteiras da injustiça social e climática. Juntos, estes agentes abordarão: o papel e a influência dos ambientes urbanos e rurais na prática cultural; como a estética ambiental se cruza com os desafios materiais e sociais enfrentados pelos criativos e, finalmente, como essas ambiências moldam a prática artística e cultural. Colaborativamente, o painel questionará como os ambientes rurais e urbanos estão mudando/adaptando-se em resposta a lutas contemporâneas, como a violência urbana e a ação climática, as ambiências geradas e encontradas de acordo, e a influência disso na prática criativa nas áreas. Nisso, busca-se construir sobre o exemplo oferecido pelo People’s Palace Projects (PPP), um centro de artes e pesquisa baseado na Queen Mary, Universidade de Londres, e sua organização irmã PPPdoBrasil. Nos últimos vinte e cinco anos, eles reuniram artistas, ativistas, acadêmicos e públicos para desafiar as injustiças sociais e climáticas através do poder das artes. Desde trabalhar com cineastas no Xingu até poetas no Complexo da Maré, uma coisa que une essas diversas iniciativas de pesquisa é a relação entre ambiente(s), prática cultural e ativismo.
Presidente da Sessão : Martin Wellton and Poppy Spowage.
SESSÃO 38
Climatic backgrounds and climatic textures of ambiances.
This SESSÃO welcomes research contributions that engage with the contemporary debate on how climatic conditions contribute to the city dwellers experience either as backgrounds or as textures of urban ambiances. The SESSÃO is open to proposals examining the climatic dimensions of urban ambiances through manifold approaches (theoretical, methodological, case studies...). Interdisciplinary proposals are especially welcomed.
Climatic backgrounds of urban ambiances — Even in today’s predominantly urban contemporary societies, meteorological hazards in space and time continue to influence human activities, making them possible, impossible or risky. These hazards determine the possibility of co-presence situations in public spaces and the nature of the interactions within them, especially in relation to seasonal rhythms. Consequently, they constitute a fundamental aspect of the emergence of urban ambiances. Meteorological hazards also affect our perception of the world by shaping ambiances through specific configurations of light, heat, humidity or wind. Ambiances appear in climatic contexts that simultaneously determine their existence and boundaries while shaping their characteristics and modalities. Ambiances are fundamentally imbued with the climatic conditions of the places in which they emerge.
Presidente da Sessão : Daniel Siret and Ignacio Requena.
SESSÃO 39
Ambiências criativas em espaços públicos - Creative ambiances in public spaces.
Em 2020/2021 a pandemia do COVID19 trouxe uma brusca interrupção na dinâmica das rotinas das cidades e o esvaziamento do espaço urbano, o que, de alguma maneira, afetou todas as pessoas, em termos da saúde física e/ou mental individual, e em suas relações interpessoais e com o ambiente. Em continuidade a tal situação, e modificando tal quadro, o período pós-pandêmico tem promovido novas possibilidades de ocupação das áreas livres urbanas pela população. Nesse contexto, esta sessão se liga aos movimentos de retomada dos espaços urbanos e sua humanização (GEHL, 2015), entendendo-se a necessidade e a importância de oferecer “condições para as pessoas pensarem, planejarem e agirem com imaginação (...), dando visibilidade aos recursos criativos invisíveis em seu ambiente físico e à forma como se vive a cidade” (LANDRY, 2012, p. 11). Para tanto, os trabalhos participantes deverão voltar-se para as ambiências criativas emergentes nas áreas livres urbanas – aqui definidas como ambiências nas quais as pessoas se sentem criativas, ou seja, que estimulam a criatividade individual ou coletiva. Busca-se compreender o que tem acontecido nestes espaços e como essas iniciativas modificam o modo das pessoas e grupos compreenderem a cidade e estabelecerem vínculos afetivos com ela. Mais do que identificar e caracterizar situações de apropriação dos espaços livres urbanos, espera-se que os trabalhos discutam o significado destes usos e sua relação com o surgimento e consolidação de ambiências criativas. Pretende-se, portanto, colocar em debate movimentos sociais de diversas naturezas (quer aconteçam em continuidade a ações anteriores quer surjam como iniciativas completamente inovadoras) e em diferentes regiões, priorizando a diversidade de situações e pontos de vista. Explorar a temática permitirá o surgimento de um amplo panorama sobre o tema, sendo especialmente útil para: (i) a compreensão da noção de ambiências criativas e seu surgimento/consolidação; (ii) o entendimento do papel do ambiente sócio físico para a vida saudável; (iii) a proposição de intervenções que possam auxiliar a criar ambientes adequados e estimulantes para diferentes grupos populacionais.
Presidente da Sessão : Gleice Azambuja Elali.
SESSÃO 40
Corpografias existenciais - Existential corpography.
[THIS SESSÃO WILL ALSO TAKE PLACE IN LISBON]
Em 2020/2021 a pandemia do COVID19 trouxe uma brusca interrupção na dinâmica das rotinas das cidades e o esvaziamento do espaço urbano, o que, de alguma maneira, afetou todas as pessoas, em termos da saúde física e/ou mental individual, e em suas relações interpessoais e com o ambiente. Em continuidade a tal situação, e modificando tal quadro, o período pós-pandêmico tem promovido novas possibilidades de ocupação das áreas livres urbanas pela população. Nesse contexto, esta sessão se liga aos movimentos de retomada dos espaços urbanos e sua humanização (GEHL, 2015), entendendo-se a necessidade e a importância de oferecer “condições para as pessoas pensarem, planejarem e agirem com imaginação (...), dando visibilidade aos recursos criativos invisíveis em seu ambiente físico e à forma como se vive a cidade” (LANDRY, 2012, p. 11). Para tanto, os trabalhos participantes deverão voltar-se para as ambiências criativas emergentes nas áreas livres urbanas – aqui definidas como ambiências nas quais as pessoas se sentem criativas, ou seja, que estimulam a criatividade individual ou coletiva. Busca-se compreender o que tem acontecido nestes espaços e como essas iniciativas modificam o modo das pessoas e grupos compreenderem a cidade e estabelecerem vínculos afetivos com ela. Mais do que identificar e caracterizar situações de apropriação dos espaços livres urbanos, espera-se que os trabalhos discutam o significado destes usos e sua relação com o surgimento e consolidação de ambiências criativas. Pretende-se, portanto, colocar em debate movimentos sociais de diversas naturezas (quer aconteçam em continuidade a ações anteriores quer surjam como iniciativas completamente inovadoras) e em diferentes regiões, priorizando a diversidade de situações e pontos de vista. Explorar a temática permitirá o surgimento de um amplo panorama sobre o tema, sendo especialmente útil para: (i) a compreensão da noção de ambiências criativas e seu surgimento/consolidação; (ii) o entendimento do papel do ambiente sócio físico para a vida saudável; (iii) a proposição de intervenções que possam auxiliar a criar ambientes adequados e estimulantes para diferentes grupos populacionais..
Presidente da Sessão : Fabio La Rocca and Cíntia Sanmartin Fernandes .
SESSÃO 41
Experimentações, derivas e poéticas deambulatórias - Experimentations, drifts and deambulatory poetics.
A apreensão poética de experiências do caminhar traz ao caminhante um reconhecimento de si, do Outro e do mundo. Experiências artísticas do século XIX trouxeram o valor da caminhada para um patamar estético e tanto o surrealismo, quanto o dadaísmo, foram influenciados pela flânerie de Charles Baulelaire, que por sua vez teve em Walter Benjamin um dos maiores tradutores de sua pulsão pelas andanças pela/na cidade. Os situacionistas, no século XX, trouxeram esse jogo de significações para dentro da prática da deriva, demonstrando que uma cidade inteira poderia ser ressignificada por uma ação cotidiana, não espetacular e tecnicamente urbana. Neste processo de (re)conhecimento do mundo, o corpo se torna uma máquina movente, carregada em sua historicidade constitutiva, sensível e, portanto, subjetiva, que traça uma trajetória na duração de um tempo-espaço. Baseada nessas premissas, esta sessão temática busca estimular a discussão e o reconhecimento do espaço urbano por meio de experiências estéticas, como parte da experiência corporal, crítica e analítica das cidades, tendo como base os trabalhos de andanças/derivas de Francesco Careri, as deambulações situacionistas e as respostas obtidas na interseção entre antropologia, sociologia e Arquitetura, de modo a suscitar a apreensão das afetividades urbanas. Neste sentido, a ideia de deriva é compreendida pelo movimento como técnica de passagem por ambiências da(s) cidade(s) que compõem um desdobramento prático dessa apreensão psicogeográfica. São bem-vindos trabalhos que explorem a dimensão afetiva do espaço urbano por meio do reconhecimento estético da caminhada ou da vivência das passagens; ensaios ou proposições artísticas, estimuladas pelo movimento, no meio urbano; estudos cartográficos; mapeamentos mentais; análises situadas de percursos e qualquer abordagem que faça emergir as subjetividades da experiência local em contexto urbano.
Presidente da Sessão : Rodrigo Kamimura, Ethel Pinheiro and Fernanda Silva Freitas.
SESSÃO 42
Metabolic Atmospheres.
This panel will explore interactions between atmospheric aesthetics and metabolism. How do human and nonhuman bodies—and their interrelations—register the metabolic influences of atmospheric properties like smell, temperature, and humidity? How do bodily and technological emanations contribute to these atmospheric properties? How have artists, writers, activists, and other researchers been addressing these metabolic influences in ways that challenge and move beyond racist and colonial notions of climatic determinism (e.g., the idea that climate's metabolic effects account for biological and "temperamental" differences between races)?
Bringing recent conversations about atmospheric aesthetics (e.g., Derek McCormack, Peter Adey, Peter Sloterdijk) into conversation with work in New Materialism (e.g., Stacy Alaimo, Karen Barad, Mel Chen) and sensory studies (e.g., Desiree Foerster, David Howes, Hi'ilei Hobart), papers should explore the nuances of "air conditioning" (Sloterdijk) in urban spaces and/or in other spaces and scales affected by urban processes. Possible topics include immersive & multimodal art installations; literary engagements with atmospheric influence; environmental media; smellscape; architectural ambiance; atmospheres of securitization, militarization, and policing; queer atmospheres; the multiplicity of fragmented, urban atmospheres; and subaltern projects of atmospheric worldmaking..
Presidente da Sessão : Hsuan L. Hsu.
SESSÃO 43
Narrativas Urbanas Insurgentes no/do Mundo Pós-Pandêmico
Insurgent Urban Narratives in/from the Post-Pandemic World.
A pandemia do Covid19 desencadeou uma série de alterações (perturbações) psicossociais nas cidades, atingindo, especialmente, grupos marginalizados de forma assimétrica. A compreensão das narrativas urbanas (afetivas, ambientais, relacionais) no contexto pós-pandêmico envolve uma análise complexa das experiências individuais e coletivas, bem como das transformações nos imaginários e memórias dos sujeitos. A emergência de políticas não-democráticas, que se desdobram em novas éticas, estéticas e poéticas para os espaços relacionais, têm alterado as relações de poder e contribuído para deslocar os imaginários urbanos das concepções de mundo retrógradas. Este fenômeno tem influenciado o deslocamento dos imaginários urbanos, afastando-os de concepções de mundo consideradas retrógradas, promovendo ajustes (realinhamentos) nas percepções coletivas em relação ao ambiente urbano, desafiando ideias preconcebidas acerca do mundo da vida e impulsionando uma reavaliação das narrativas tradicionais associadas à vida nas cidades. Os impactos dessas mudanças podem ser observados não apenas nas dinâmicas sociais do mundo pós-pandêmico, mas também nas configurações físicas e simbólicas dos espaços urbanos, refletindo uma contínua evolução nas interações entre sociedade, política e ambiente urbano. Entender essas narrativas urbanas pós-pandêmicas pode fornecer insights sobre as crises desencadeadas pelas transformações sociais, culturais e econômicas em curso. Além disso, observar como essas narrativas desafiam paradigmas estabelecidos contribuirá para agenciar futuras abordagens ao planejamento dos espaços públicos. Como forma de orientar o debate, esta sessão pretende apresentar e desenvolver algumas considerações sobre as seguintes questões: Quais as formas e expressões das narrativas urbanas que emergiram das experiências individuais e coletivas no mundo (pós) pandêmico? Como essas narrativas têm contribuído para deslocar os imaginários e as memórias dos sujeitos para zonas de experiências instáveis, situadas nas fronteiras do senso comum? Que experiências, silenciadas ou excluídas durante a pandemia, seriam necessárias para especular sobre uma nova geração de radicalismo nas narrativas urbanas?
Assim, convidamos contribuições inseridas, mas não restritas, aos seguintes temas:
-Reconfiguração do espaço urbano: A pandemia levou a uma reavaliação do espaço urbano, com um aumento do trabalho remoto influenciando a dinâmica dos centros urbanos. Narrativas de descentralização e a busca por ambientes mais abertos e espaços verdes têm ganhado destaque.
-Consciência ecológica: A crise sanitária aumentou a conscientização sobre a importância de ambientes sustentáveis e saudáveis. Narrativas que enfatizam a sustentabilidade, a resiliência urbana e a conexão com a natureza estão emergindo.
-Comunidade e solidariedade: Narrativas que destacam a importância da comunidade e da solidariedade têm se fortalecido. Experiências de vizinhança, redes de apoio local e a valorização de relações interpessoais têm sido fundamentais.
-Transformações digitais e conectividade: A aceleração das transformações digitais durante a pandemia tem gerado narrativas sobre a interconexão global e a forma como a tecnologia influencia nossas experiências urbanas, desde o trabalho remoto até a educação online.
-Reflexão sobre a fragilidade: A pandemia levou as pessoas a refletirem sobre a fragilidade da existência humana e a impermanência das estruturas sociais. Isso pode ter gerado narrativas mais fluidas e uma apreciação renovada pela diversidade de experiências urbanas.
-Hibridismo e flexibilidade: Narrativas que exploram modelos híbridos e flexíveis, tanto em termos de trabalho como de estilo de vida, estão emergindo. Isso inclui a ideia de ambientes urbanos que se adaptam a diferentes necessidades e circunstâncias.
Presidente da Sessão : Wagner de Souza Rezende.
SESSÃO 44
O espacejar na cidade — imaginários urbanos e ambiências
Spacing out in the city - urban imaginaries and ambiances.
Em ‘Projeto e Destino’, Argan (2000) se pergunta: “De onde vem o desejo de espacejar que brota do espírito humano?”. Sem encontrar resposta no repertório teórico da arquitetura, que lhe serve de base reflexiva, acrescenta: “seja qual for o impulso inicial [que faz surgir o espacejar], não há dúvida de que mediante esse processo o homem reconhece e define uma relação entre si mesmo e o mundo, delimitando uma zona de experiência”. Nesse sentido, parodiando o que escreveu Michel de Certeau (1994) - “caminhar é ter falta de lugar” - argumentamos que ‘espacejar é ter falta de’. É nesse contexto de busca que os passos tecem e moldam o espaço habitado. Edificamos o espaço humano, espacejamos, porque algo nos falta de modo radical. Espacejamos movidos por um impulso (pulsão em Freud, 1914/15) incontornável em busca de nós mesmos e de nossa relação com o mundo. Enfim: espacejar, arquitetar é uma questão outra e muito mais profunda do que construir (tecktônica). É ter falta, absoluta, definitiva, de lugar no mundo, é andar em busca de si mesmo, ainda que coletivamente.
Numa íntima relação com a cidade, tal argumento nos permite refletir sobre esse sujeito senciente - que tem predisposição ao sensível como escreve Böhme (2017) - e ao mesmo tempo desejante. Para tanto, a discussão sobre o ‘espacejar na cidade’ coloca em evidência os imaginários urbanos e as ambiências como formas de mediação entre o homem e sua espacialidade (BERQUE, 1998). Trata-se aqui de um imaginário emocional, que se desvela e se manifesta em ressonância com os espaços, no conjunto de representações pictóricas, mentalmente elaboradas e intensamente carregadas de afetividade (WUNENBURGER, 2007). Corresponde, pois, ao modo próprio de cada cultura estabelecer a aliança entre sua sensibilidade (pulsões e emoções subjetivas) e o meio ambiente (físico, histórico e social). As ambiências, por sua vez, colocam em evidência a importância da experiência emocional afetiva (no sentido daquilo que nos afeta), a incorporação da faculdade do sensível (BÖHME, 2017), bem como a possibilidade de espacejar pelo afeto.
O ‘espacejar na cidade’ toma assim os imaginários urbanos e as ambiências como elementos chave de questões ainda pouco investigadas na arquitetura e no urbanismo, que investigam aspectos subjetivos e psíquicos na percepção e elaboração do espaço, de maneira atrelada às experiências emocionais, com uma profundidade estética e uma riqueza simbólica próprias. Nessa sessão são bem-vindas propostas de cunho ensaístico, reflexões teóricas e relatos de práticas experimentais em campo - como processos cartográficos, produção de imagens, estudos de aproximação etnográfica -, uma vez que constituem meios de explorar metodologias capazes de ativar experiências sensíveis em relação a um território comum, vivido e experimentado.
Presidente da Sessão : Julieta M. Vasconcelos Leite.
SESSÃO 45
Espacialidades da participação: outros regimes de sensibilidade entre a arte e a arquitetura
Spatialities of participation: other systems of sensibility between art and architecture.
O prisma das ‘espacialidades da participação’ propõe uma mirada para diferentes discursos e práticas localizados entre os campos da arte e da arquitetura e urbanismo, que estejam tensionando seus limites e, nos termos de Jacques Rancière, inaugurando outros regimes de experiência sensível. Desta perspectiva, interessa a indagação sobre os aspectos políticos e estéticos do que Claire Bishop (2004; 2006) certa vez chamou de “virada social” da arte e de outros campos de conhecimento, incluindo a arquitetura e urbanismo.
De fato, sabemos como nos turbulentos anos 1960-70, a ‘participação’ despontou como palavra de ordem em diferentes horizontes de transformação estética e também política. Por um lado, este termo guarda-chuva integrava um mais amplo processo de questionamento das convenções que regiam a produção de arte, assim como dos limites disciplinares da arquitetura e urbanismo. A conhecida intersecção entre estes campos - consagrada pelas ideias de “campo expandido” da arte (KRAUSS, 1979) e da arquitetura (VIDLER, 2005) - encontra uma expressão particular: o impulso em comum de superação do status do autor e da obra, acompanhada pelo anseio por novas relações com o público e seu contexto. O que Umberto Eco (1962) nesse mesmo período identificou como a invenção contemporânea da “obra aberta”, apontava não apenas para o interesse estético por processos sociais de toda ordem, como também pressupunha, neste descentramento do objeto, o reposicionamento político do autor e do observador. De tal modo que a ênfase sobre o público (ou usuário) representava, em última instância, a possibilidade de incluí-lo nos processos de produção e de apropriação do espaço construído - lugar da experiência social transformadora.
Passadas cerca de cinco décadas, porém, a ‘participação’ aparece como signo de verdadeiros dispositivos de controle social. Termos como ‘interação’, ‘colaboração’, ‘criatividade’ e ‘engajamento’, que constituíam o léxico contestador daquela ‘emergência crítica’ da participação, hoje se confundem com as formas flexíveis, autorrealizáveis e precárias da atual lógica de organização produtiva e de gestão econômica da vida. Em nosso atual horizonte, vemos, entre outros exemplos, como as políticas urbanas de participação social funcionam como instrumentos de legitimação de decisões tomadas a priori por agentes públicos e privados (MIESSEN, 2011); como a recente emergência dos espaços de trabalho colaborativo estão canalizando as novas relações precarizadas de trabalho (BOLTANSKI et CHIAPELLO, 2008); ou como a criatividade e experiência passaram a constituir novos circuitos culturais para a conquista de público recorde, envolvendo-o em experiências únicas e, sempre que possível, capazes de ativar habilidades criadoras (BISHOP, 2012).
Não significa dizer que a ‘participação’ esgotou-se. Contudo, reconhecer sua contraface nos parece imprescindível se ainda pretendemos desvelar outros horizontes de transformação política. Neste sentido, apoiados sobre os conceitos de ‘política’ e ‘polícia’, conforme proposto por Jacques Rancière (1995; 1996), nos interessa enxergar nas práticas espaciais participativas a capacidade de produzir o dissenso. Grosso modo, se a arte e a arquitetura contém uma dimensão ‘política’ quando são capazes de desestabilizar uma “experiência sensível comum” com outra, devemos indagar se, a despeito de seus anseios declarados, as suas experiências de participação são de fato capazes de desestabilizar as posições definidas sobre os objetos, sujeitos e processos; bem como as relações possíveis entre eles e os sistemas de legibilidade, de pertencimento e de exclusão.
Presidente da Sessão : Rafael Goffinet de Almeida, Tatiana Francischini Brandão dos Reis e Rodrigo Nogueira Lima.
SESSÃO 46
Simpatia, vulnerabilidade e criação de ambiências - Sympathy, vulnerability, and ambiance creation.
As atuais crises ambientais e de saúde estão forçando os arquitetos e planejadores urbanos a repensarem radicalmente a forma como projetam e praticam os espaços habitados. Estão surgindo novas reflexões ecológicas em que o ser humano não é mais o único centro de interesse diante de todas as outras questões. As reflexões em torno das atmosferas são ainda mais significativas porque nos permitem sair do domínio da finalidade e da utilidade e, assim, incentivam os criadores a repensarem sua estética dentro da esfera mais ampla das relações sensíveis. Se "a atmosfera não é o que percebemos, mas o meio pelo qual percebemos e o meio pelo qual ela abre a perceptibilidade do mundo" (Thibaud), explorar a simpatia das coisas e dos seres vivos abre novas perspectivas de pesquisa sobre nosso ambiente.
A simpatia, no sentido literal do termo, portanto, designa essa hipersensibilidade aos fluxos sensíveis que irrigam nossa vida cotidiana e que, portanto, nos envolvem em formas de vulnerabilidade.
Muitos trabalhos recentes em psicologia positiva têm influenciado sorrateiramente as produções dos designers para criar situações positivas e felizes, apagando as negativas e vulneráveis. Entretanto, é criando lugares que inspiram liberdade emocional que podemos sentir as correspondências dinâmicas com nosso ambiente e não apenas uma identificação empática.
O meio em que isso acontece é a atmosfera afetiva e ambiental, na qual estamos imersos e pela qual podemos ver, ouvir, tocar, cheirar e nos mover. Se a atmosfera surge da união de pessoas e coisas (Ingold), devemos então, como criadores e habitantes, nos abrir para explorar a simpatia entre o afeto e o ambiente. Nesse contexto constantemente renovado, as ferramentas, os métodos e os princípios teóricos dos procedimentos criativos também devem evoluir em direção a esses novos desafios de estimulação da hipersensibilidade.
Esta sessão estimula arquitetos e designers urbanos a repensarem os espaços de convivência, reavaliando propostas mais ecológicas em que os seres humanos não sejam o único foco do projeto. Propõe-se o uso dos conceitos de simpatia, empatia e afeto para abordar as vulnerabilidades urbanas e para a criação de novas direções em pesquisa, pedagogia e prática em arquitetura, artes e atividades criativas.
The SESSÃO “Sympathy, vulnerability and ambient design” extends the reflections of a Creative Europe EACEA-32-2019 program which ends in December 2023.
Presidente da Sessão : Evangelia Paxinou and Nicolas Remy.
SESSÃO 47
A arte infinita do Rádio - The infinite art of Radio.
"Queridos invisíveis" era como Walter Benjamin chamava os ouvintes de seus programas de rádio quando trabalhava para a rádio pública em Berlim e Frankfurt na década de 1920. Ele adorava a dimensão popular desse novo meio de comunicação e suas infinitas possibilidades como um espaço para a criação, para a prática e o aprendizado da crítica, para a narração de histórias e para a encenação da vida cotidiana. Para Benjamin, o rádio era o lugar perfeito para a aplicação prática de seus pensamentos. Hoje, o rádio, além ou aquém de ser um meio de comunicação, está sendo amplamente revisitado como uma forma artística e em termos de suas práticas e técnicas. Então, o que o uso do rádio reserva para aqueles que trabalham com ambiências e atmosferas?
O rádio cria atmosferas tanto quanto brinca com elas e, além da simples transmissão de um programa, hoje todos os aspectos do rádio estão sujeitos à experimentação: as formas e os locais de gravação, bem como as formas e os locais de difusão. A dimensão contributiva abala a ideia do rádio como um transmissor e receptor unidirecional. Há muitos artistas (designers de som, dramaturgos, artistas sonoros, artistas visuais e criadores de teatro) que começaram a usar o rádio como material de criação e expressão. E também há muitos arquitetos e planejadores urbanos que agora estão usando o rádio e seu público como um meio para consultas públicas e processos de cocriação.
No cenário em evolução do rádio, as práticas contemporâneas deram início a uma era dinâmica de envolvimento dos habitantes e de narração de histórias de base. Os podcasts surgiram como um meio poderoso, permitindo que os indivíduos criem e compartilhem narrativas que repercutem nas comunidades locais. Além disso, uma tendência cativante envolve os habitantes que produzem programas personalizados para eventos locais, como festas, espalhando, assim, um sabor único e autêntico nas ondas de rádio. A mudança para a gravação e produção local promove um senso de propriedade da comunidade para os habitantes e também gera discussões significativas sobre assuntos específicos.
Essa abordagem descentralizada do rádio capacita os habitantes e os grupos sociais a amplificarem suas vozes, promovendo assim um senso de conexão e experiência compartilhada por meio das ondas de rádio. Isso testemunha o potencial transformador do rádio em catalisar a ativação da comunidade e aprimorar a estrutura das culturas locais.
Entre a presença e a onipresença, o som conecta tanto quanto confunde. Os Mundos Sonoros do Rádio são alternadamente memórias e ficções. O conteúdo do rádio acompanha a vida cotidiana, bem como as situações mais vulneráveis, como locais de atendimento, lugares remotos, lugares em guerra, todos os espaços de vida perturbados por crises de saúde, ambientais e políticas.
Como o rádio, como ouvinte ou como emissora, nos ajuda a entender "como o mundo soa"? Ouvir envolve tanto a realidade quanto a imaginação. Ela pode nos ancorar em um lugar e tempo específicos ou nos transportar para outro lugar, para outra época. Também pode fazer com que lugares e épocas diferentes coexistam, separá-los e até inibi-los. Em nossa vida cotidiana, passamos por mundos sonoros, muitas vezes para melhor, outras vezes para pior. Como as práticas radiofônicas dão conta desses diferentes "tempos atuais"? Elas podem nos falar sobre os mundos sonoros pelos quais viajaremos amanhã? Como a passagem pelo som em geral e, para esta sessão, especificamente pelo rádio, muda nossa compreensão do mundo, e como essas transmissões podem ser ações no mundo? Esta sessão é aberta a pesquisadores, arquitetos, designers e artistas e tem como objetivo fornecer uma visão geral das questões, formas e práticas de rádio ligadas às noções de atmosferas e ambiências, seja em pesquisa, ensino ou até mesmo em projetos criativos.
* “The infinite art of radio” uses the title of a Creative Europe program EACEA-32-2019 ending in December 2023, and aims to extend the questions in a new context.
Presidente da Sessão : Evangelia Paxinou, Saska Rakef, Nicolas Rémy and Nicolas Tixier.
SESSÃO 48
The role of time in the shaping of urban ambiances: exploring newly-built neighbourhoods.
This SESSÃO welcomes research contributions that question the role of time in the shaping of urban ambiances and perceptions. In particular, the SESSÃO is open to proposals that examine the ambiances of newly-built neighbourhoods as an illustration of the strangeness of situations before time takes its toll on them. Case studies and theoretical contributions are especially welcomed.
The thickness of time is fundamentally rooted in research into ambiances through concepts such as genius loci, palimpsest ambiance or the heritagization of atmospheres. This SESSÃO would like to take a fresh look at this question by questioning the ambiances of the very newly-built neighbourhoods. Appearing within contemporary cities or in their outskirts, newly-built environments often display a kind of strangeness due to their unique architectural and urban layouts, their new and unused materials, their too-young vegetation, as well as the lack of established neighbourhood communities. Understanding these particular ambiances, before the sedimentation of the many traces of human and non-human life, allows us to grasp the role of time (linear, cyclical, subjective) in the shaping of ambiances encountered in more ordinary neighbourhoods.
Do the conditions of newly-built neighbourhood create different ambiances and experiences? Can they provide keys to understanding the temporal and sensory dimensions of ambiances? Does and how the deficit in the accumulation of presences, of sensory traces that intermingle, sediment and touch us, inform us about the temporal dimension of ambiances? How do the ambiances of very newly-built neighbourhoods fit in with the abstract linear time of past, present and future, with time of nature's cycles, with the subjective time of experience (Bergson, 1932)? Conversely, is this experienced time able to reproduce the lack of temporal thicknesses of the urban ambiance through concrete experiments, for instance using the body in movement, such as walking, dancing or hodology (Brinckerhoff, 2016), or imaginary transpositions (Sansot, 1996)?
Through these issues, the SESSÃO will explore the links between sensitive and temporal modes of ambiances.
Presidente da Sessão : Emeline Bailly, Ignacio Requena and Daniel Siret.
SESSÃO 49
Falar de si é falar do mundo: autoetnografia memórias e ambiências
To speak of oneself is to speak of the world: auto-ethnography, memories and ambiances.
Tempo e memória, autoetnografia. Vivemos vidas historiadas. A figura do narrador é cada vez mais escassa na vida contemporânea, pouco se ouve, pouco se cria o lugar propício ao encontro presencial em que o silêncio abre espaço para a expressão de sensações e sentimentos. A empatia com o outro precisa do local do encontro, aquele no qual se pode rememorar, buscando, no presente, as referências para as anedotas familiares, como trata Céline Verguet ao concluir que “a caracterização patrimonial situa-se entre a identificação do ambiente e a identificação de si mesmo” (2015).
Num mundo carente de espiritualidade, emoção e poesia (BOCHNER, 2019), urge nos apossar de nossas narrativas de vida para preencher e dar sentido aos lugares que habitamos. Assumir o papel do cronista que, como conta Benjamin (1985), não faz distinção entre os pequenos e os grandes fatos, cuja rememoração é capaz de conferir valor às materialidades desaparecidas, mas que permanecem guardadas nos repositórios da memória.
Memória essa produzida a partir do cruzamento de narrativas, as quais podem se materializar em meios audiovisuais, ilustrando a arte de viver na cidade, à qual Cornelia Eckert se refere (2009). A etnografia da duração vislumbra o tratamento da memória narrada como conhecimento de si e do mundo, sendo as ambiências parte desta memória compartilhada pelos narradores. Neste contexto, ambiências estabelecem relações subjetivas e culturais com o tempo e o espaço em que se situa o ser (DUARTE et al, 2022).
A memória é, portanto, construída e estabilizada, permanentemente, a partir da produção de sentidos, no presente, nos lembra Assmann (2011). Enquanto característica do indivíduo, toda memória “é irreproduzível — morre com a pessoa. O que se chama de memória coletiva não é uma rememoração, mas algo estipulado: isto é importante, e esta é a história de como aconteceu, com as fotos que aprisionam a história em nossa mente” (SONTAG, 2003, p. 74).
Esta sessão visa acolher relatos escritos e/ou audiovisuais que tratem das relações entre as temporalidades das memórias individuais e os cruzamentos de narrativas entre sujeitos com suas experiências com as ambiências arquitetônicas. Visa produzir um diálogo entre culturas e sujeitos que tematizam experiências de vida ancoradas nas formas e imagens das arquiteturas, sejam elas sobreviventes ou desaparecidas. O papel da narrativa na rememoração e recriação de arquiteturas é o meio para desenvolver um meio de reativar as memórias das ambiências arquitetônicas e urbanas para as gerações presentes e futuras.
REFERÊNCIAS
ASSMANN, Aleïda. Espaços da Recordação: formas e transformações da memória cultural. Campinas: Editora da Unicamp, 2011.
BENJAMIN, Walter. Sobre o conceito de história In: Obras Escolhidas. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre Literatura e História da Cultura. Vol. 1. São Paulo: Brasiliense, 1985.
BOCHNER, Arthur. Ya es hora: la narrativa y el yo dividido, In: CALVA, Silvia Bénard (org). Autoetnografía – uma metodologia cualitativa. México: Universidad Autónoma de Aguascalientes, 2019.
DUARTE, Cristiane Rose, MIRANDA, Cybelle; SANTANA, Ethel; SILVA, Luiz de Jesus. Experiência do Lugar Arquitetônico: caminhos da experiência e sensorialidade urbanas. Rio de Janeiro: Rio Books, 2022.
ECKERT, Cornelia. As variações “paisageiras” na cidade e os jogos da memória In SILVEIRA, Flavio e CANCELA, Cristina. Paisagem e cultura – dinâmica do patrimônio e da memória na atualidade. Belém: EDUFPA, 2009.
SONTAG, Susan. Diante da dor dos outros. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
VERGUET, Céline. Faire la preuve du patrimoine: authentification et plaidoyer patrimonial. l’Argument Historique et l’ argument familial. Revista Memória em Rede. Pelotas, v. 5, n. 12. Jan/jun 2015.
Presidente da Sessão : Cybelle Salvador Miranda.
SESSÃO 50
Ambiências urbanas e afeto: Propostas Metodológicas.
Urban ambiances and affection: methodological proposals.
Tendo em vista o contínuo interesse “pelo acontecimento do encontro entre estas duas instancias: um corpo que se faz pela cidade e uma cidade que se faz pelo corpo” (Barbosa; Martins, 2022: 16) procuramos nessa sessão explorar as articulações interdisciplinares do estudo das ambiências urbanas e a noção de afeto. De que modo as cidades, seus espaços públicos, e os corpos das pessoas que os habitam, usam, praticam e atravessam, são transformados e afetados mutuamente? E ademais: como narrar e representar essa afetação?
O debate crítico no campo ampliado dos estudos urbanos vem se desenvolvendo sobre a noção de experiência urbana desde a segunda metade do século XX. Simultaneamente à ampliação desse campo teórico multidisciplinar, o estudo das ambiências, territorialidades e espacialidades urbanas foram incorporando aspectos sensoriais e afetivos na sua gama de possibilidades metodológica de análise, o que abre caminho para construções metodológicas não hegemônicas. “Ser afetado”, como elucida Favre – Saada (2005) é uma postura teórico metodológica para além da participação e da observação, mas envolve a experiência, a sensibilidade, a criatividade, o corpo em relação no e com o espaço, colocando em perspectiva as ideias, experiências e práticas para a interpretação de ambiências urbanas. Esta sessão insta pesquisadores a apresentarem ferramentas metodológicas criativas ligadas às ciências sociais aplicadas para explorar, narrar e representar as ambiências urbanas.
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Eliana; MARTINS, Ramon. Afeto. In: JACQUES, Paola Berenstein et all (orgs). Laboratorio urbano: pequeno lexico teorico-metodologico. Salvador: EDUFBA, 2022.
FAVRET-SAADA, Jeanne. Ser Afetado. In: Caderno de Campo n.13: 155 - 161, 2005.
Presidente da Sessão : Eliana Rosa de Queiroz Barbosa.
SESSÃO 51
Ambientes virtuais educativos, simulação de ambiências e novas formas de interações no ensino e no aprendizado de arquitetura, urbanismo e paisagismo.
Esta sessão intenta provocar uma discussão articulada sobre duas das questões levantadas na chamada de trabalhos do evento: 1) Qual o papel do corpo, dos sentidos e das subjetividades na fabricação de ambiências em uma sociedade cada vez mais dependente do digital? 2) Quais são as novas oportunidades que estão surgindo diante dos novos desafios? E isso notadamente quanto ao enfrentamento ou questionamento crítico de ambientes virtuais, sobretudo no meio educacional, que têm sido cada vez mais frequentes nos últimos tempos, não apenas em termos de experiências didático-pedagógicos (salas de aulas e ateliers virtuais), mas também de congressos, seminários e reuniões científicas realizadas majoritariamente de maneira remota, o que parece perdurar, ainda que alguns de maneira híbrida, no período pós-pandêmico. Pretende-se distinguir os conceitos de “ambiência”, “ambiente virtual” (próprio da linguagem das ciências da computação e tecnologia da informação) e dos “ambiente virtual de aprendizado” (AVA – típicos da chamada educação à distância - EaD) do conceito de “ambiente virtual educativo”, como (re)criações, (re)invenções ou simulações de ambiências reais de sala de aula e/ou de reuniões acadêmicas, visando a sua humanização, com auxílio de tecnologias de informação e comunicação, notadamente em contextos de crises de segurança, dificuldades econômicas e/ou de distanciamento social, em que esses recursos se tornam essenciais para as interações entre pessoas distantes fisicamente. A ênfase da proposta é no ensino/aprendizado em Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo (AUP), mas as discussões podem estabelecer interfaces e diálogos com outros campos do conhecimento, de áreas afins. Questionam-se quais os potenciais e o limites de ambientes virtuais como simulação de ambiências para as relações interpessoais de troca e de produção de conhecimentos em contexto acadêmico e como são trabalhadas as questões dos sentidos nesses ambientes virtuais educativos, sobretudo em um campo em que historicamente são valorizadas a percepção direta, a vivência e a experiência multissensorial do espaço físico e social. São bem-vindos artigos que contribuam para a distinção dos conceitos e para melhor delinear essas novas formas de interação no campo da educação em AUP.
Presidente da Sessão : Maísa Veloso.
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